11/06/2025 - Cruzeiro do Sul
Por Tom Rocha
Leilão do projeto de Veículo Leve sobre Trilhos está previsto para 2028, conforme o governo estadual

Prefeitura de Sorocaba divulgou projeção do VLT em 2017
(Crédito: DIVULGAÇÃO / PREFEITURA DE SOROCABA)
O futuro sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Sorocaba, que deve melhorar a mobilidade urbana, terá uma rede de 25 quilômetros de extensão e 13 estações, aproveitando as linhas ferroviárias já existentes. A modalidade de transporte de passageiros irá ligar o centro da cidade a bairros da zona norte (podendo chegar a George Oeterer, em Iperó), e também a Brigadeiro Tobias.
A Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo (SPI) informa que o projeto está em fase de estudo. “É parte do planejamento de mobilidade do governo do Estado e deve contar com 25 quilômetros de extensão e 13 estações previstas (...) beneficiando cerca de 760 mil pessoas”, diz a pasta. O traçado técnico do VLT está em desenvolvimento e será detalhado posteriormente, mas a SPI afirma que haverá integração com o Trem Intercidades (TIC) Eixo Oeste. “A modelagem da parceria está em fase de estruturação e deve seguir o formato de Parceria Público-Privada (PPP). O leilão está previsto para 2028.”
Especialistas consultados pelo Cruzeiro do Sul consideram o projeto promissor para Sorocaba, apontando que ele pode fomentar um desenvolvimento urbano mais ordenado. Uma das vantagens citadas é a existência da antiga malha ferroviária, que pode reduzir custos.
O governo estadual pretende reaproveitar o prédio histórico da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), no centro da cidade, para o Trem Intercidades, além de intervenções previstas na estação Amador Bueno, em Itapevi, e a construção de uma nova estação em Brigadeiro Tobias. A estação de Brigadeiro, conforme verificado pela reportagem ontem (11), está ocupada de maneira improvisada para fim de moradia.
O ponto, na zona leste de Sorocaba, fará parte do trajeto que deverá chegar até George Oeterer, passando pelo Jardim Lopes de Oliveira (zona norte) e a região central (antiga estação da Estrada de Ferro Sorocabana - EFS). O sistema deve facilitar a conexão com a capital paulista por meio do TIC Eixo Oeste.
Segundo o governo estadual, “além de desafogar o trânsito, o VLT surge como uma alternativa sustentável aos automóveis, contribuindo para a redução das emissões de carbono e aliviando os congestionamentos crônicos da região”. O investimento total está estimado em R$ 2,5 bilhões, valor que inclui a modernização da infraestrutura ferroviária e a construção das estações.
Estratégia
Luiz Alberto Fioravante, ex-secretário de Planejamento e Mobilidade de Sorocaba (na gestão de Jaqueline Coutinho), afirma que a malha ferroviária é um ativo estratégico. “O Estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana da capital, enfrenta tráfego intenso. Há muitos caminhões, muitos carros, e o trânsito urbano nas rodovias já é uma realidade. Está catastrófico. Eu vou quase diariamente a São Paulo, são 3h30 todo dia. Então, o projeto do trem é essencial”, analisa.
Fioravante passou quatro anos na Secretaria de Logística e Transportes do Estado e atualmente é diretor da Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf), membro do Instituto de Engenharia e conselheiro de entidades do setor ferroviário. “Fui eu quem fez o projeto do VLT de Sorocaba, saindo da divisa com Iperó até Brigadeiro”, afirma.
Para Luiz Fioravante, instrumentos como títulos de capitalização podem viabilizar financeiramente o projeto. “O governador Tarcísio entendeu a importância de fazer o VLT metropolitano. Isso permite uma conectividade com fluxo estimado de 150 mil pessoas por dia. Sorocaba é cortada por ferrovia e rio, com um domínio ferroviário hoje abandonado. Com uma lei de outorga, o município pode vender títulos de capitalização dos entornos da ferrovia, como foi feito na nova Faria Lima, em São Paulo”, detalha.
“Na Europa, eu só uso transporte público ù trem, metrô, VLT. É o que precisamos para Sorocaba, que pode ser pioneira. Temos mais de 5 mil quilômetros de ferrovias abandonadas no Estado. E ferrovia abandonada vira cicatriz urbana: são locais invadidos, com uso indevido, como por drogados. Sorocaba tem essa cicatriz. É preciso eliminá-la”, reforça.
Ligação com BRT
Fioravante lembra que o BRT de Sorocaba deve estar interligado ao VLT. “É necessário garantir transporte público de qualidade para que as pessoas deixem o automóvel em casa. Em Nova York, por exemplo, onde participei de estudos há 20 anos, 78% da população não usa carro e 76% nem possuem um. Quando precisam viajar, alugam. Isso é possível por conta da excelente integração entre trem metropolitano, trens de longa distância, VLT e ônibus”, comenta.
O engenheiro José Carlos Carneiro, especialista em mobilidade, aponta que o VLT é ideal para demandas superiores a 15 mil passageiros por hora. “A viabilidade em Sorocaba depende de os ônibus urbanos colaborarem na alimentação do sistema. O alto custo de implantação ainda é um obstáculo, por isso o BRT surge como alternativa mais barata”, explica.
Segundo Carneiro, a chegada do VLT impactará positivamente no trânsito. “É um transporte rápido, confortável, que pode atrair usuários que ainda dependem do transporte individual. Sorocaba tem a vantagem de possuir eixos ferroviários disponíveis, o que reduz custos. Com o TIC circulando a cada 30 minutos, é possível utilizar os mesmos trilhos para o VLT nos intervalos, aproveitando a janela operacional”, considera.
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