Do Trem Caipira ao VLT

05/02/2017 - Diário da Região

Diante do fracasso retumbante do Trem Caipira, tem muita coragem o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (PMDB), para discorrer sobre o audacioso plano de incluir em eventual consolidação de desvio do contorno ferroviário a instalação de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), mantendo o traçado da linha antiga. Com a condição de que a empresa Rumo/ALL assuma os custos em troca de mais 30 anos de concessão da malha férrea.

Assim que estiver devidamente formatado, o projeto global - inclusive com a insistência no próprio Trem Caipira para compartilhar a linha com o VLT - deve ser apresentado à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), como mostra reportagem publicada pelo Diário da Região na edição de hoje.

Por mais megalomaníaco que possa parecer, o plano passa a ser viável a partir do momento em que se considera a hipótese da parceria com a iniciativa privada. Além de livrar a cidade do perigo e do transtorno causado pelas composições de carga que cortam o centro de Rio Preto com média de 200 vagões, 18 vezes por dia, a efetivação do projeto criaria uma moderna modalidade de transporte coletivo.

Não se conhece ainda os detalhes do projeto do VLT, até porque está no status e no campo dos sonhos, com expectativa para ser iniciado dentro de quatro anos. Tomemos, porém, um exemplo recente desse tipo de investimento. O VLT do Rio de Janeiro se transformou não apenas em um interessante meio de transporte como até em atração turística. Circula devagar, aparentemente seguro, silencioso, monitorado eletronicamente e por guardas inclusive em trechos de calçadões, como na região da Cinelândia e avenida Rio Branco, integrado com as linhas de ônibus e do Metrô.

Obviamente, o prefeito Edinho Araújo tem muito a apresentar em matéria de convencimento sobre a viabilidade do projeto. É relevante lembrar os arranhões que o Trem Caipira fez na sua credibilidade, ainda que parte da responsabilidade deva ser creditada ao ex-prefeito Valdomiro Lopes. Quando dá vazão e publicidade a esse tipo de intenção, o prefeito deve estar ciente de que não pode se comportar como um vendedor de terreno no céu - coisa que políticos costumam fazer bastante e sem qualquer pudor.

De todo jeito, está lançada a semente, que pode produzir todos os frutos esperados ou, na pior das hipóteses, pelo menos materializar o contorno ferroviário. Rio Preto tem vocação e potencial para pensar grande. O que não se aceita é o embarque em uma aventura mirabolante, capaz de transformar sonhos em pesadelos.